Uma breve reflexão sobre o mercado de trabalho para Bacharéis em Direito

Uma breve reflexão sobre o mercado de trabalho para Bacharéis em Direito

salários no mercado da advocacia
Vê esse rosto no anúncio?
Sorridente, com cara de satisfação?
Ele está pensando “E os jovens advogados ganhando R$ 1200,00!!!”
 
 

Porquê isso acontece?

É o que irei lhe instigar a questionar nesta publicação.
Acompanhe minha linha de pensamento…
 

Jovem Aprendiz Bancário 2016: Banco está com 1523 Vagas em Todo o Brasil

 
 
Instituição financeira de grande porte está convocando jovens para 1523 vagas de Jovem Aprendiz 2016, em todo o país.
 

Atividades do Jovem Aprendiz
  • Orientação nos caixas eletrônicos;
  • Atendimento e recepção dos clientes;
  • Triagem nas filas;
  • Direcionamento a utilização de canais alternativos;
  • Esclarecimento de duvidas;
  • Atualização cadastral;
  • Cadastrar dados para contato e suporte em rotinas administrativas.

 
 

Competências e habilidades desejadas do Jovem Aprendiz

Idade: 14 a 23 anos
Bom relacionamento interpessoal e disponibilidade para aprender diversas tarefas.
 
 

Benefícios do Jovem Aprendiz
  • Vale Transporte;
  • Curso Técnico;
  • Vale Refeição;
  • Seguro de vida;
  • Plano saúde.

 
 
O jovem trabalhará 6 horas por dia durante quatro dias da semana na empresa, realizando as atividades práticas e um dia realizará as atividades teóricas fora da empresa (Curso de Técnico Bancário).
 
Fonte: JovemAprendiz.com

É possível dizer que o Jovem Aprendiz é uma das propostas de trabalho que menos exige qualificação do candidato, a menor idade para iniciar e uma das menores cargas horárias existentes. Ou seja, é um trabalho debaixo grau de exigência, desde o desempenho das funções, até os requisitos para ingressar na atividade.
 
E, mesmo assim, o salário está acima do que a média que o mercado tem pago aos advogados iniciantes. Para quem está na luta por um lugar ao sol na advocacia e se depara com essa diferença, é inevitavelmente dolorido. Em que pese algumas apurações indiquem que o advogado iniciante ganhe algo em torno de R$ 3.410 (três mil quatrocentos e dez reais) a R$ 4.950 (quatro mil novecentos e cinquenta reais), isso não é condizente com a realidade do mercado. A média da remuneração paga pelo mercado, gira em torno de R$ 1.100 (mil e cem reais) a R$ 1.200 (mil e duzentos reais).
 
 

Isso é justo?

Aos nossos olhos, evidentemente que não, mas o mercado não tende a cometer discrepâncias deste tipo sem uma razão plausível.
 
O valor médio da remuneração paga a uma determinada classe é resultado de uma variedade de fatores, mas preponderantemente o mercado reage considerando oferta e demanda. E no caso dos advogados, a mesma coisa. E oferta, meus caros, significa muitos advogados no mercado para poucas vagas e poucos processos seletivos ofertando novas oportunidades.
 
Não obstante, considerando que são realmente 900 mil advogados aptos a exercer a advocacia no Brasil, se fosse dividido o número de processos entre todos igualmente, que é algo mais de 100 milhões, teríamos um pouco mais de 100 processos por advogado. Fica claro que além de poucas vagas, não há, sequer, demanda judicial suficiente para que os profissionais do Direito possam atuar.
 
Junte isso ao alto número de cursos de Direito no Brasil, mais do que todas as faculdades do mundo somadas (pasmem), e o resultado é esperado, baixa remuneração. Meu pai, que é bacharel em Direito, costuma afirmar que o curso de Direito é um dos mais fáceis de ser instalado, sendo necessário apenas “cuspe e giz”, e, apesar da simplificação dramática, só seria necessário acrescentar uma biblioteca (muitas vezes alugada apenas para fins de cumprir os requisitos da fiscalização) e pronto! Assim nasce uma faculdade de Direito.
 
Ah, claro! Esqueci de mencionar que com o aval do MEC e, por muito tempo, sem manifestações contrárias da própria OAB. Descuido? Vontade de levar ampliar o acesso à educação? Talvez. Mas também pode ter sido para atender os interesses econômicos daqueles que exploraram o “mercado de diplomas”.



Quem poderia mudar esta realidade?

O esforço conjunto de todos estes que tem interesse que a coisa continue exatamente como está. O MEC teria que abrir mão do índice de graduados e de cursos superiores, além de enfrentar forte resistência dos cursos que teriam que ser fechados. Estas, por sua vez, teriam que não resistir e também abrir mão do faturamento de um dos cursos de menor custo e maior lucro.
 
Em que pese alguns achem que o Exame de Ordem fará este papel de filtrar e restringir o número de advogados para que, consequentemente o mercado responda e haja o aumento da remuneração oferecida, a prova da OAB dificilmente servirá para isso. Ao menos não com resultados significativos. Pois, ao contrário do que acontece com os taxistas (por exemplo), não há um número máximo de licenças para serem expedidas considerando o número de processos disponíveis.
 
E considerando o número de advogados que ingressam a cada edição, salvo se houvesse uma explosão de lides no país, nunca esta equação teria um resultado que alterasse o quadro atual. Ainda, lá no fim do túnel, surge a possibilidade da instituição de um piso salarial para o advogado contratado, o que já é uma “realidade” em alguns estados, porém, digamos que ainda pouco praticado de fato.
 
Mesmo assim, o piso não ataca o causador do problema. Seria o equivalente a tapar o sol com a peneira, porque mesmo assim haveria um colapso, um esvaziamento, das causas em algum momento. E então teríamos uma realidade ainda pior, os Advogados SEM causa.
 
Pense nisso, fomente o debate, cobre soluções e abrace esta luta pela sua futura ou atual profissão.
 

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