Efeito das drogas estimulantes na rotina de preparação para Exame de Ordem

Efeito das drogas estimulantes na rotina de preparação para Exame de Ordem

O uso de Ritalina entre examinandos do Exame de Ordem
Depois de ver muitos estudantes opinando e fazendo o uso de medicações psicoestimulantes para melhoria no desempenho durante os estudos, nossa equipe constatou a importância de elaborar um artigo voltado a este público, que muitas vezes desconhece os malefícios que a automedicação pode trazer à sua saúde.
 
Junto à posição de destaque que este Blog assumiu perante os examinandos que se preparam para o Exame de Ordem, somos diariamente confrontados com uma série de responsabilidades, como a produzir conteúdo relevante, confiável e instrutivo. Para confrontar um assunto tão polêmico e difuso de nossas áreas de conhecimento como o que trazemos na matéria de hoje, tivemos que consultar nossa amiga Nayara Denise Immich, médica especialista em Neurologia.
 
Nossa missão com este artigo é acionar um alerta a todos aqueles que utilizam medicações, de qualquer natureza, para melhoria de rendimento nos estudos, sem o devido acompanhamento profissional de um médico especialista.

Opinião Médica sobre o uso de drogas estimulantes para melhoria de rendimento nos Estudos

É sabido que existe uma grande procura, principalmente por estudantes em períodos “pré-prova” (candidatos do Exame de Ordem, vestibulandos e concurseiros em geral), por medicações que possam trazer maior desempenho em suas atividades diárias, seja no momento do estudo ou na própria hora prova. Dentre as medicações comumente utilizadas pelos estudantes, pode-se citar a Ritalina.
 
O que muitos desconhecem, entretanto, é que a indicação de psicoestimulantes para este fim, caso não haja diagnóstico concreto de Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), pode ocasionar em uma série de complicações não vislumbradas pelo usuário de tal medicação. Outra droga também indevidamente utilizada por estudantes é a modafinila, medicação indicada para tratamento de alguns distúrbios do sono bem específicos; onde também deveria ser feito um diagnóstico correto para uso adequado da medicação.
 
A Ritalina, conforme citado anteriormente, tem como indicação principal o Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) que é um distúrbio crônico, sem cura, mas passível de controle. Caracteriza-se pela tríade: hiperatividade, déficit de atenção e impulsividade. Acreditava-se que fosse um distúrbio restrito a faixa etária infantil, porém hoje sabe-se que, pelo menos, 2/3 das crianças com TDAH levarão parte dos sintomas junto a sua vida adulta. A diferença crucial é que no adulto geralmente predominam os sintomas de desatenção, e a hiperatividade pode inclusive se ausentar, como ocorre na maioria dos casos.
 
Em pessoas que queixam de dificuldades de concentração, é crucial diferenciar se a falta de concentração está relacionada a um diagnóstico real de TDAH ou se existe algum outro fator na vida do indivíduo que possa gerar estes sintomas. Esta tênue diferenciação muitas vezes leva a uma confusão e preocupação desnecessária por parte do estudante, o qual se questiona: por que não consigo me concentrar mais nos estudos? É possível aumentar minha carga horária de estudo mantendo-me por maior tempo concentrado?
 

Temos que tomar muito cuidado na indicação destes fármacos quando o diagnóstico é feito erroneamente.

 
Existem diversos fatores que podem levar um adulto a apresentar dificuldades nos seus estudos, por exemplo: transtorno de ansiedade, transtornos de humor, privação de sono, sedentarismo, má alimentação, estresse, entre outros. Para desfazer essa confusão, é necessário consultar um profissional médico, que avaliará caso a caso, indicando o melhor tratamento, seja com terapia psicossocial ou comportamental, seja com tratamento medicamentoso, baseado no seu correto diagnóstico. Uma vez verificado que o estudante tem realmente TDAH, ele deve ser direcionado a um tratamento específico, no qual trará inúmeros benefícios para sua vida social e profissional.
 
Então, se você percebe que tem dificuldade de manter-se concentrado por muito tempo, distrai-se com facilidade, não consegue terminar suas tarefas – seja nos estudos, seja no trabalho -, apresenta dificuldade de organização, problemas com memória, procure um médico para avaliação, pois você pode ser diagnosticado com TDAH. O tratamento correto lhe trará melhor qualidade de vida, maior desempenho e melhores resultados para sua vida profissional.
 
Fique atento, mas lembre-se que qualquer diagnóstico somente pode ser estabelecido por um profissional médico e que a auto-medicação pode trazer riscos para sua saúde. Numa consulta você poderá tirar todas suas dúvidas e ter a certeza de qual melhor caminho seguir.
 
 
Nayara Denise Immich
CRM 17857 – RQE 13344